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Brasil, Bolívia e Argentina: Como o Gás Natural conecta estas nações?

18 de setembro de 2023
 por
Matheus Rebelo
Brasil, Bolívia e Argentina: Como o Gás Natural conecta estas nações?

A complexa relação entre Brasil, Bolívia e Argentina engloba diversas áreas, abrangendo desde comércio, economia e questões políticas até aspectos sociais. No entanto, destaca-se a questão do comércio, em especial as negociações relacionadas ao transporte e aquisição de Gás Natural da Bolívia para atender às necessidades energéticas do Brasil e da Argentina. Este aspecto ganhou relevância nas últimas décadas, com um foco significativo na exploração, produção e exportação do Gás Natural boliviano. A energia desempenha um papel crucial na cooperação regional e nas economias desses países.

O início da era da exportação do Gás Natural

A década de 1990 marcou o início de uma era significativa nas exportações bolivianas de gás natural. Nesse período, a Bolívia emergiu como um importante produtor de gás na américa latina, com vastas reservas desse recurso em seu território.

No entanto, apesar de suas riquezas naturais, o país enfrentava desafios consideráveis. [1]

Um desses desafios era o mercado consumidor interno limitado da Bolívia, que não conseguia absorver toda a produção excedente de Gás Natural. Além disso, a Bolívia carecia de infraestrutura de escoamento robusta para transportar esse recurso para os países vizinhos, que representavam mercados promissores para suas exportações.

Foi nesse contexto desafiador que os três governos, juntamente com instituições financeiras internacionais como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, uniram forças para impulsionar a execução dos ambiciosos projetos de construção de gasodutos internacionais.

Na Argentina, o Gasbol começou a operar em seu trecho inicial em 1996, estabelecendo uma conexão entre os dois países. Esse gasoduto, mesmo não sendo o primeiro, tornou-se fundamental para a Argentina, fornecendo uma fonte confiável de gás natural para atender à crescente demanda energética do país.

No Brasil, o gasoduto entrou em operação em 1999, fortalecendo ainda mais os laços energéticos entre a Bolívia e o Brasil. A ampliação da oferta de Gás Natural desencadeou uma série de desenvolvimentos no mercado interno de energia. Esse aumento da oferta, aliado a preços competitivos, desempenhou um papel fundamental em diversos aspectos.

Como resultado, observou-se um crescimento notável na expansão das redes de distribuição de gasodutos em território brasileiro. Além disso, essa iniciativa foi um dos primeiros passos para a expansão da construção de usinas termelétricas a gás, o que se mostrou crucial no enfrentamento da crise energética que o país enfrentaria nos anos subsequentes à entrada em operação do gasoduto. [2]

O desembaraço da produção boliviana, sua relação com os países vizinhos e posterior declínio

Após o avanço da infraestrutura, os contratos de fornecimento assinados chamaram atenção para os países vizinhos e mantem até hoje preços atrativos, especialmente com a porção brasileira (Petrobras). 

A existência de baixos preços no gás boliviano podem ser atribuída a várias motivações. Em primeiro lugar, as reservas de gás da Bolívia são abundantes e acessíveis, o que inicialmente contribuiu para a competitividade de seus preços. Além disso, no cenário regional, os preços do gás eram altamente regionalizados devido aos custos significativos associados aos investimentos em infraestrutura de transporte de gás. Isso resultou em uma concentração da oferta e demanda em áreas específicas ao redor do mundo, levando a tendências de preços por região.

Este acordo era vantajoso para todas as partes envolvidas nas condições da época. No entanto, a partir de meados da década de 2010, começou a ocorrer um declínio contínuo na produção de Gás Natural boliviano, de acordo com o gráfico 1. [3]

Gráfico 1 - Produção de Gás Natural Boliviano (1990-2023)

Fonte: Instituto Nacional de Estadística, Estado Plurinacional de Bolívia

Além da diminuição das reservas bolivianas, também houve avanços tecnológicos, como o aumento da utilização do Gás Natural Liquefeito globalmente (GNL). Isso provocou uma convergência dos preços do gás, que antes eram regionalizados, levando à sua "commoditização". Esses dois fatores em conjunto geraram divergências sobre como lidar com o gás boliviano. O gráfico 2 [4], a partir de janeiro de 2020, ilustra a utilização do gás boliviano.

Gráfico 2 - Perfil de Aproveitamento do Gás Boliviano

Fonte: Boletim Mensal de Industria de Gás Natural, MME

Em termos de prioridades, o uso doméstico do gás é a principal prioridade na Bolívia, sendo o restante destinado aos contratos de exportação com Brasil e Argentina. Conforme o gráfico 2, houve uma redução na oferta total, ao mesmo tempo em que o consumo interno registrou um leve aumento ao longo de três anos, resultando em uma maior representatividade deste último.

Quanto aos preços, em virtude da oferta limitada, a Bolívia priorizou a venda de volumes para a Argentina em detrimento do Brasil [5][6][7] devido aos preços mais favoráveis oferecidos, especialmente durante os períodos de inverno. O gráfico 3 [4] demonstra a distribuição percentual das vendas para cada país em relação ao total, com notável flutuação durante os invernos, particularmente em 2020 e 2022.

Gráfico 3 - Percentual de Exportação Boliviana

Fonte: Boletim Mensal de Industria de Gás Natural, MME

A situação dos países importadores e próximas etapas

Felizmente, a escassez de gás boliviano é um problema que está na agenda energética de ambas as nações importadoras, e graças a um planejamento cuidadoso e aos recursos naturais disponíveis, ambos conseguiram lidar eficazmente com essa questão.

Quando se trata de planejamento, tanto o Brasil quanto a Argentina possuem terminais de regaseificação de GNL, o que lhes permite diversificar suas fontes de importação e reduzir a dependência exclusiva da Bolívia. Além disso, ambos os países tiveram expansão de suas reservas de hidrocarbonetos na última década, com a Argentina beneficiando-se da Bacia de Neuquén e o Brasil das reservas do pré-sal [8]. Isso os coloca em uma posição sólida para enfrentar eventuais quedas acentuadas no fornecimento, como previsto por especialistas.

No entanto, há implicações para o mercado nacional de gás. A Petrobras depende de uma diversidade de fontes de gás, incluindo o gás boliviano de baixo custo, o que, possivelmente, lhe permite manter preços mais competitivos.

Além disso, a renegociação dos novos contratos abriu espaço para importadores brasileiros, além da Petrobras, que agora negociam gás boliviano no mercado. Estes novos fornecedores, no entanto, ainda não conseguem garantias firmes de fornecimento a longo prazo no mercado livre devido à preferência do governo boliviano por vender gás para a Argentina, especialmente durante o inverno, o que resulta na oferta de gás na modalidade interruptível pela Bolívia.

Todavia, se a produção de gás na Argentina aumentar, os novos gasodutos planejados forem construídos, e a tendência de redução na proporção de gás boliviano direcionado à Argentina persistir, há a possibilidade de que pequenos importadores possam começar a disponibilizar gás firme no mercado livre brasileiro já a partir de 2024.

A Infinity Gestão em Gás Natural continuará monitorando a dinâmica entre os três países e seu impacto no mercado, fomentando inclusive os novos contratos do Mercado Livre de Gás Natural.

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Matheus Rebelo

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